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LEITURA | Granulações

Atualizado: 10 de ago. de 2018

Ed. Reformatório | 2018 | 184 p. | romance

O romance Granulações, livro de estreia de Anna Monteiro, reserva ao leitor uma narrativa de dupla voz. Nina e Pedro, casal em crise, se revezam na condução da narrativa a cada capítulo. Ambos jornalistas, mas cada um com suas tendências. Nina atua na seção de economia. E deseja ascender cada vez mais na carreira, alcançando o posto de editora-chefe no mesmo jornal onde o marido trabalha. Pedro, por sua vez, é um fotógrafo com forte tendência social, com interesse em registrar e defender comunidades indígenas ou quilombolas. Nina pretende colocar ordem na vida de Pedro. Pouco afeito a normas e regras, ele exagera na bebedeira e na jogatina. É incapaz de perder um Carnaval para viajar em férias com Nina. Pela perspectiva de cada um, a cada capítulo, os motivos para a ruína da relação vão se amontoando. Nas entrelinhas, nas granulações dessa narrativa, há muito o que se desenovelar em interpretações das mais produtivas sobre como a estética do romance de Anna Monteiro estimula leituras mais fundas. A descrição do tempo em certos trechos da narrativa, como o céu escuro no início e no fim do romance. As referências musicais do casal. O olhar de Pedro para Nina pela lente da câmera fotográfica. Pedro se autodenominando Neanderthal. A experiência de Nina na montanha russa da infância. São tópicos de interesse para outras análises possíveis da narrativa. E a simples frase “Acabou, Pedro, acabou”, ao final do romance, ganha força e lança o leitor em um vórtice da existência de Pedro, em que ele parece “acabar”, em um res ipsa loquitur sinalizado muito bem pela autora. {voz da literatura}

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